De fevereiro a setembro, foram registrados quatro homicídios por dia decorrentes de intervenção policial
RIO — Entre fevereiro e setembro deste ano, durante a intervenção federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro, 1.024 suspeitos morreram em confronto com agentes das forças de segurança em território fluminense. Foram registrados nesses oito meses, em média, quatro homicídios decorrentes de intervenção policial (como são chamados atualmente os autos de resistência) por dia.
Considerando também o mês de janeiro, 2018 já supera, a um trimestre do fim do ano, o total de casos do gênero apurados em 2017. Foram 1.181 mortes em confronto nos nove primeiros meses deste ano, contra 1.127 em todo o ano passado. A análise foi feita com base em estatísticas oficiais do Instituto de Segurança Pública (ISP), divulgadas nesta segunda-feira.
— Não houve, até o momento, nenhuma fala contundente do gabinete de intervenção, do interventor ou do secretário de Segurança frisando que esses números são inaceitáveis. Há uma comemoração em relação à redução nos roubos de carga, por exemplo, que foram eleitos como grande modalidade de crime a ser combatida pela intervenção, mas nenhuma palavra forte a respeito da quantidade absurda de mortes, sobretudo as cometidas pelas polícias — analisa o pesquisador Pablo Nunes, do Observatório da Intervenção.
Dados do Observatório, mantido pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) da Universidade Candido Mendes, em parceria com outras entidades, apontam que, nos oito primeiros meses de intervenção, 74 policiais ou militares foram mortos no estado do Rio. Destes, aproximadamente um quarto estavam em serviço, enquanto 40,5% foram vítimas de assalto e outros 16% morreram em decorrência de brigas, vinganças ou execuções. Em 16,2% dos casos não foi possível identificar o que causou o óbito do agente.
A análise dos homicídios dolosos, por sua vez, aponta para uma ligeira queda na comparação com o ano anterior. Houve, entre janeiro e setembro, 3.745 assassinatos do tipo, diante de 3.960 computados nos nove primeiros meses de 2017 — uma redução de 5,4%. O mesmo ocorreu com os latrocínios, ou “roubos com resultado morte”, que despencaram de 190 para 135 ocorrências, em uma diminuição 28,5%.
Já os roubos de carga, que vinham batendo recorde negativo, continuam no processo de desaceleração. Em setembro deste ano, na comparação com o mesmo mês de 2017, a queda foi de 14,8%, ou exatos cem casos a menos: de 677 para 577. No acumulado do ano, a diminuição é um pouco menos expressiva, de 7,7%: de 7.608 ocorrências, entre janeiro e setembro do ano passado, para 7.017 nos primeiros nove meses de 2018.
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